HISTÓRIAS DA ARTE POLITICAMENTE INCORRETAS: MOVIMENTO FUTURISTA: IDOLATRIA DA GUERRA E ÓDIO CONTRA AS TRADIÇÕES ARTÍSTICAS

Felix Rego
O Futurismo foi lançado em 1909, através da publicação Le Futurisme, de Fillipo Tommaso Marinetti, num jornal francês.
Mas que época era essa ?
Uma época em que o mundo estava maravilhado com os automóveis, com as máquinas, e com todas as novas tecnologias que acabavam de surgir.
É nesse panorama, essencialmente urbano, que os artistas futuristas pregavam a destruição de toda a arte e cultura do passado, alegando que a tradição artística ocidental havia se tornado um peso morto que oprimia as futuras gerações.
Os futuristas idolatravam a velocidade, as armas, a energia, o progresso, as multidões - que para eles representava uma força política importantíssima -, e sobretudo a violência.
Para os futuristas, sem guerra não havia possibilidades de mudança, razão pela qual a guerra e a brutalidade eram vistas pelo grupo com algo bom, capaz de alavancar o progresso da humanidade.
É por isso que essa gente logo, logo iria se tornar fascista de carteirinha, com medalha do Mussolini espetada no peito.
Giacomo Balla, Carlo Carra, Gino Severini e Umberto Boccioni, são alguns nomes destes notáveis... como dizer... notáveis cascas grossa.
Cascas grossas sim, sem a menor sombra de dúvidas, porque o pau comia até mesmo entre eles se fosse preciso.
Querem ver ? Pois bem. Havia os futuristas de Milão e os futuristas de Florença. Certa vez um sujeito chamado Ardengo Soffici, que era da patota de Florença, escreveu um artigo descendo a lenha na Exposição Futurista de Milão. Adivinhem o que aconteceu ?
Respondo: os artistas milaneses ficaram roxos de raiva, pegaram um trem e foram até Florença caçar Soffici como se fosse um bicho.
Como a cidade era pequena, rapidamente encontraram seu desafeto, batendo papo com os amigos no café Guibbe Rosse.
Soffici apanhou tanto que perdeu todos os dentes da boca, teve um olho furado e uma perna e várias costelas trituradas.
Mas a coisa não acabou por aí.
Revoltados ao verem o que sobrou de Soffici espalhado pelo chão, os amigos da vítima chamaram outros amigos e o pau quebrou feio entre as duas turmas.
Resultado: após várias horas de pancadaria e quebração de ossos, mesas e garrafas, o café Guibbe Rosse foi praticamente destruído pelos artistas enfurecidos, que foram parar na delegacia de polícia.
E se alguém pensa que as duas turmas ficaram de mau após esse desastroso encontro, se engana redondamente.
Na verdade, foi justamente depois da pancadaria no café Guibbe Rosse que os futuristas de Milão e os de Florença ficaram amigos pra valer, e continuaram, juntos, a tocar horror no mundo da arte, por um bom tempo ainda.
Antes que alguém levante a questão, a reposta é sim: no início os futuristas andaram flertando com o Neoimpressionismo, mas no final acabaram se apaixonando pelo Cubismo.
Depois dos horrores da segunda guerra mundial, o Movimento Futurista perdeu sustentação e se esvaziou de vez.
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Imagens abaixo: "Line of speed" e "Velocity of cars and light", de Giacomo Balla, e retrato do artista.